E. Morin, sociólogo e filósofo francês, Método V
Sem cessar apagam-se ou explodem sóis, congelam-se planetas; cem cessar, reúnem-se fragmentos e poeiras de astros mortos, girando em espiral sobre si mesmos para dar nascimento a novas galáxias e a novos sóis.
E. Morin, sociólogo e filósofo francês, Método V
A minha actual suspeita é que o universo é não apenas mais estranho do que supúnhamos, mas também mais estranho do que podemos supor… Suspeito que há mais coisas no céu e na terra do que aquelas que sonhamos, ou podem ser sonhadas por qualquer das nossas filosofias.
J. B. S. Haldane, biólogo e matemático escocês, Possible Worlds and Other Essays
PERSPECTIVA CIENTÍFICA DA VIDA
A vida for formada a partir de materiais ejectados de explosões de materiais criados no seio das estrelas
Quando bebemos uma gota de água, bebemos o universo, pois a molécula da água, o H2O, reúne, no seu seio, o hidrogénio - vestígio da explosão inicial, ou Big Bang -, e o oxigénio, produzido na fornalha das estrelas e exalado por elas.
Michel Cassé, astrofísico francês, Desafio do Século XXI, edição portuguesa: Instituto Piaget.
Quando observarem as estrelas, vejam-nas noutra perspectiva. Observem-nas pelo que são: as mães dos átomos de que somos construídos, esses átomos que constituem as espécies mortais e pensantes que admiram o sol como um deus, um pai, ou uma central nuclear.
Michel Cassé, astrofísico francês, Desafio do Século XXI, edição portuguesa: Instituto Piaget.
As partículas que se constituíram no início do Universo, esses átomos que se forjaram nas estrelas, essas moléculas que se constituíram na Terra ou noutro sítio… tudo isso também está dentro de nós.
Michel Cassé, astrofísico francês, Desafio do Século XXI, edição portuguesa: Instituto Piaget.
ESTRANHOS NO UNIVERSO
A visão que a ciência nos transmite sobre a posição insignificante da Terra face a um Universo virtualmente infinito, alimenta pensamentos angustiados sobre o nosso lugar nesse Universo em que somos positivamente um grão de areia.
Esta é a mais difícil das lições que os humanos têm que aprender. No universo as coisas não são boas ou más, cruéis ou simpáticas, mas simplesmente insensíveis - indiferentes a todo o sofrimento, desprovidas de qualquer intenção.
Richard Dawkins, sociobiólogo inglês, River out of Eden
O homem sabe finalmente que está só na indiferente imensidão do Universo, de onde emergiu por acidente.
Jacques Monod, 1910-1976, bioquímico francês, Le Hasard et la Necessité
REFLEXÕES FILOSÓFICAS SOBRE O COSMOS
A visão científica do universo, e a constatação das suas dimensões incompreensíveis, gerou espanto e angústia em filósofos como Pascal. Qual o sentido da vida, num cosmo como o descrito pela ciência? O homem é um nada num universo grotescamente gigantesco. O homem não está no centro da criação, como os mitos e as religiões faziam crer, e as concepções tradicionais do homem e de Deus perderam sentido. O universo que o homem antigo concebeu – povoado de almas, deuses, luzes, vida - era um universo à nossa medida, habitável, em que a vida tinha sentido, em que a Terra estava no centro dos desígnios de Deus. O Universo revelado pela ciência é bastante diferente.
O eterno silêncio do espaço infinito assusta-me.
B. Pascal, 1623-1662, filósofo, físico e matemático francês, Pensamentos
Quando considero a curta duração da minha vida, e o estar a ser engolido pela eternidade do antes e depois, ou o pouco espaço que eu preencho e vejo, mergulhado na infinita imensidade que ignoro e que não me conhece, tenho medo e espanto-me de estar aqui em vez de estar algures. Porquê agora em vez de antes? Quem me pôs aqui? Por ordem de quem e em que direcção me foi este lugar e tempo atribuído?
B. Pascal, 1623-1662, filósofo, físico e matemático francês, Pensamentos
Viajamos numa vasta esfera, permanentemente mergulhados na incerteza, empurrados de um lado para outro. Sempre que encontramos uma referência e a queremos agarrar, ela desloca-se e perdemo-la. E se a seguimos, ela ilude o nosso abraço, evapora-se, e desaparece para sempre. Sonhamos permanentemente encontrar terreno sólido e alicerces para construir torres que dêem para o Infinito, mas sempre todas essas bases se esboroam, e a Terra teima em abrir-se em abismos.
B. Pascal, 1623-1662, filósofo, físico e matemático francês, Pensamentos
Estamos infinitamente afastados de compreender os extremos da existência, uma vez que o fim das coisas e o seu começo estão desesperançosamente escondidos de nós, encapsulados num impenetrável segredo. Somos igualmente incapazes de ver o Nada de que fomos feitos, e o infinito em que estamos engolidos.
B. Pascal, 1623-1662, filósofo, físico e matemático francês, Pensamentos
UM UNIVERSO ABSURDO
Qual o sentido da vida num Universo que se apresenta tão distante dos nossos sonhos?
A nossa consciência e inteligência detectaram um universo inabitável, um universo de silêncio, profundamente diferente da Terra e profundamente hostil, em que a vida não tem sentido. Isso afasta-nos desse Universo. Somos uma voz solitária e consciente num Universo absurdo.
O absurdo da vida nasce do confronto entre a voz humana e o desrazoável silêncio do Universo.
Albert Camus, 1913-1960, escritor e filósofo francês, The Myth of Sisyphus
Somos filhos do cosmos, mas, a nossa consciência, a nossa alma, torna-nos estrangeiros nesse cosmos de onde saímos e que não deixa de continuar a ser-nos secretamente íntimo.
E. Morin, sociólogo e filósofo francês, Método V
A vida é talvez única, ou pelo menos raríssima no cosmo, e a nossa consciência é talvez solitária no mundo vivo.
E. Morin, sociólogo e filósofo francês, Método V
O homem apareceu marginalmente no mundo animal, e o seu desenvolvimento mais o marginalizou. Estamos sozinhos sobre a Terra, entre os seres vivos conhecidos.
E. Morin, sociólogo e filósofo francês, Método V
O nosso pensamento, a nossa consciência, dão-nos a conhecer o mundo físico, ao mesmo tempo que nos afastam dele.
E. Morin, sociólogo e filósofo francês, Método V